Haiti!


Haiti!
Como ajudado, sem atrapalhá-lo?
O presente artigo pretende propor um olhar sobre a atual crise do Haiti. Pretende mostrar que a ocupação dos EUA a esse país é para mantê-lo sob sua influência econômica. Com esse êxito militar, pretendo, também, mostrar que o fracassado foi, sobretudo, a Força de Paz chefiada pelo Brasil, que não cumpriu seu papel de proteger a soberania daquele país Caribenho. Ao pensar essas questões, penso esclarecer o risco de tentar ajudar aquele país e ao mesmo tempo trabalhar, sem saber, para a manutenção de uma dada configuração política que irá continuar a mantê-lo na miséria.


Existem várias formas de falar de um assunto. E quantomais pessoas escrevem sobre o mesmo tema/assunto mais possibilidades têm de obter o máximo de informação sobre os fatos. Eis uma grande vantagem, então, de se ler várias crônicas sobre o mesmo assunto.
Quero falar nesse texto sobre um ponto de vista do aconteceu no Haiti. Especialmente do que pouco se diz. Em primeiro lugar vale ressaltar que somos solidários com aquele povo. Mas nosso texto irá propor um novo olhar sobre isso.
É preciso entender a História desse país para depois coordenar qualquer ajuda. Faz-se, também, necessário olhar com muita crítica o que a mídia veicula sobre esse país.
Sobre a mídia, o principal formador da opinião dos brasileiros, é preciso dizer que a mesma vende uma imagem do país que não o interessa. A mídia passa a idéia de que o Haiti acabou. Mas devemos lembrar que o terremoto só aconteceu em uma pequena parte do território daquele país. E o restante? Na verdade isso já nos leva a outro assunto, a história do Haiti.
Esse país, que é vizinho de Cuba, desde sua heróica Independência que ocorreu junto com a Revolução Francesa, foi usurpado por França em 1869, a Espanha em 1871 e a Inglaterra em 1877; no século 20 os Estados Unidos invadiu o Haiti três vezes: 1914, 1915, permanecendo até 1934; e novamente voltou a invadi-lo em 1969.
O resultado sempre é o mesmo quando um ladrão invade nossa propriedade. Leva tudo e quebra o resto. Mas os ladrões dos EUA são profissionais e eles agem de várias formas. Em um primeiro momento vão e faz o saque, depois coloca fiéis empregados. Entre eles podemos citar dois que se chamam Papa Doc e Baby doc, pais e filho que fizeram o serviço sujo por vários anos. Basicamente esses políticos propiciaram que no Haiti desse lucro para o EUA, mas sob a condição de que o país não se desenvolvesse. E será por que?
Muito simples, se o internauta tiver instalado o Goolgle Earth, aquele programa que permitir viajar pelo mundo, então aproveite para ver um detalhe que explica algumas coisas. Porto Príncipe fica aproximadamente a 300k em linha reta de Guantánamo e da Ilha de Comunista de Cuba. Como sabemos em Guantánamo tem a famosa prisão, como também uma base militar. Outra coisa é as Forças armadas dos EUA conta com 1.373.000 soldados, dos quais dizem que 10 mil vivem na Base Naval de Guantánamo. Isso pode também explicar a rápida chegada de 16mil homens no Haiti.
Essa ação dos EUA revela então as intenções de ocupação desse lugar. Pois, os EUA também aprenderam a lição em outro lugar, Mogadisço-Somália, que em cenário como o do Haiti não dá para brincar.
Vou explicar: No Haiti recente houve golpes e contragolpes de modo que existem vários militares profissionais que são “considerados pela ONU” como bandidos ou as gangues, pois como não estão no Governo do atual presidente, foram jogados na clandestinidade e procurados como bandidos. Contudo esses senhores são profissionais do assunto. Não amadores como os bandidos pop star do Rio de Janeiro.
Muito bem, então temos no Haiti pessoas que não aceitam o atual governo por ser ele um “funcionário” dos EUA no Haiti. No Haiti, só para vocês terem uma idéia, existem relatos de jornalistas dizendo que se vende até o sangue para hospitais de Miami. No mais, o país é um lugar onde empresas dos EUA conseguem mão de obra barata para empresas de costura ou lugares exóticos ao norte do país para se fazer turismo de luxo. Essa elite funcionaria dos interesses americanos roubam tudo que leva para o país.
O que fez com crescesse no país a atuação de ONG de todos os tipos, a ponto do próprio governo do país ter menos poder do que essas organizações, pois o dinheiro vai para as ONG’s, geralmente de origem estadunidense. O meio rural do país foi sistematicamente desmontado em prol da agricultura estadunidense (Arroz americano). Então temos um país no qual números alarmantes de pessoas vivem na miséria. Situação que é pior do que a pobreza, que geralmente vemos no Brasil. Estar na miséria é algo muito louco. (80% vivem na miséria).
Então os EUA ocuparam militarmente o Haiti, pois nesse cenário de destruição da capital alguém faria isso. Certamente seria os oposicionistas do atual Governo de fantoche ou outro país como a França ou Inglaterra. Penso que Cuba não ocuparia, pois não é política da Ilha, mas certamente ajudaria os haitianos insurgentes contra o Governo do Presidenete René Preval. E aí voltamos à lição que mencionei acima. Trata-se de uma operação que um grupamento dos EUA fez na cidade Mogadíscio na Somália. Entrou para história como a pior batalha de rua depois da Segunda Guerra Mundial.
Apesar de morrido em torno de 18 soldados estadunidense e 1000 somalis, o que em termos de guerra teve um saldo bom para os EUA, essa batalha mudou os planos de ação militar não só dos EUA, mas de países como a França.
Tratava-se de uma milícia somali que estava matando civis, confiscando doações de comida e barbarizando. Isso poderia também acontecer no Haiti. Lá na Somália os americanos acharam que iriam fazer uma incursão com poucos homens e pronto. Deu-se mal, o próprio Colin Pawer, secretário de Estado dos EUA, disse que foi o pior erro dos militares desde o Vietnã.
Para não acontecer o mesmo no Haiti o que eles fizeram: ocupação massiva e rápida o suficiente para não permitir que os rebeldes se armassem. Quem armaria os rebeldes? Vários atores internacionais. Que vão desde as próprias fábricas de armamento dos EUA, que vive desse negócio, (aliás, a Indústria da Guerra nos EUA é uma das que mais gera emprego, junto com a de automóveis, construção civil, construção naval) a países como Colômbia, Venezuela, e qualquer outro produtor de armamento interessado em faturar grana. (Grande produtores e vendedores de armas no mundo: EUA, Rússia, França)
Os discursos que dizem: não aqui nós não precisamos militares, mas de voluntário é ingênuo. Em estado de caos é natural que tudo entre em colapso e se não tiver força policial com alta proporção para habitantes a coisa não anda. Claro que o terremoto não aconteceu em todo país. Mas o frágil governo que já funcionava de modo muito precário e manipulado pelos EUA, entrou em colapso, pois sua sede administrativa, a Capital, veio a baixo. Sobretudo as residências das elites do país que aí morava. Vale lembrar ao leitor que a população em situação de miséria não tem casa normal como conhecemos, portanto a situação caótica do Haiti era a sua realidade diária.
A vida da maioria esmagadora dos habitantes de Porto Príncipe não mudou muito. Infelizmente eles já estavam habituados com a miséria. Nisso a grande mídia nunca falou.
O que fracassou foi o Brasil. Certamente a Política externa do Brasil tem feito coisas boas para o país que até então não se tinha feito. A prova disso foi o prêmio que Lula recebeu em Davos. Contudo o que aconteceu no Haiti serve de experiência. Primeiro, por agir dentro da legalidade da ONU, o Brasil não conseguiu aumentar seu efetivo a proporções expressivas. Se o fizesse encontraria represália Legal da ONU. Os EUA fizeram e daí? Com um dos maiores exércitos do mundo; é ele quem paga a conta da missão da ONU no Haiti; quem quiser repreendê-lo que o faça. Aliás ele é membro do Conselho de Segurança. Então o Brasil é obrigado a dividir calado as ações militares em país que a ONU o delegou para ser “a Força” militar capaz de garantir a Soberania e segurança interna daquele país.
Recentemente um general foi na Band e disse que o atual comandante das Forças Brasileiras não iria ter atrito com os estadunidenses. O argumento do General era de que o Comandante da MINUSTAH tinha feito cursos junto com os estadunidenses e conhecia muito bem eles. É interessante a posição dos Generais. São bravos quando torturam seus cidadãos em nome da democracia e contra o comunismo. Porém, quando feito de fantoche, ou “olha, você fica aí e faz de conta, mas quem manda agora é nós dos EUA”, arrumam logo discursos para esconder do povo brasileiro que fracassaram.
Enfim, como avisei no início, existem várias faces para serem abordadas esse tema. A minha abordagem olhou mais um lado desse assunto e não pretendeu esgotá-lo. Portanto, deixei de lado várias outras coisas e que faria o texto ficar muito longo.
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Conclusão
Ajudar o Haiti não é algo fácil. O risco é ajudarmos uma elite que representa os interesses comerciais dos EUA, mesmo que 80% dos haitianos vivam na miséria. A nossa boa intenção pode não dar bons resultados. Não ter uma guerra civil por lá só interessa a elite e as empresas estadunidenses que exploram mão de obra super barata. Pois, os 80% de miseráveis não vêem distinção entre uma guerra e o que eles passam todos os dias. Ajudar o Haiti, portanto, requer muito mais do que boa vontade. Requer um acurado conhecimento da história daquele país, conhecimentos em políticas externas e diplomacia, isto é, que sejamos capacitados para ajudar.

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