Maçonaria Simbólica?

Símbolo Persa - Museu Pergamon Berlim/AL



(Série Resenhas)

Nossa intenção com o blog sempre foi propiciar material de formação às pessoas que procura no grande mar da internet informações sobre maçonaria. Tomamos ainda como desafio introduzir nesse nincho de sociabilidade reflexões profissionais no que toca a Filosofia, para que essa campo do saber posso cumprir uma de suas funções mais nobres: a formação para o exercício da cidadania em um Estado Democrático.

É comum encontramos a afirmação de que a Maçonaria é Filosófica, Filantropica e Fraternal. No que toca a filosofia, e aí já mais restrito, se diz ainda que é simbólica. Mas afinal, o que isso quer dizer?

Estaremos publicando, para ofertar ao público interessado em maçonaria, uma serie de reflexões sobre um autor em específico: Mircea Eliade, romeno naturalizado norte-americano.

O livro que pretenho resenhar e fazer longas citações, como forma de instigar o leitor do blog a ir mais além, será o “Tratado de História das Religiões”

ELIADE, Mircea. “Tratado de História das Religiões”. Martins Fontes: São Paulo. 2008. 478 p.

171. Função dos símbolos – Esta função unificadora é, certamente, de considerável importância, não só na experiência mágico-religiosa do homem, mas mesmo para a sua experiência total. Um símbolo revela sempre, qualquer que seja o seu contexto, a unidade fundamental de várias zonas do real. Será preciso lembrar as imensas “unificações” realizadas pelos símbolos das águas ou da Lua, graças às quais um número considerável de planos e de zonas bio-antropocósmicas se identificam a alguns princípios? Assim, por um lado, o símbolo continua a dialética da hierofania ao transformar os objetos em algo diferente do que eles parecem ser à experiência profana: uma pedra torna-se o símbolo do “centro do mundo”, etc., e, por outro lado, ao tornarem-se símbolos, quer dizer, sinais de uma realidade transcendente, esses objetos anulam os seus limites concretos, deixam de ser fragmentos isolados para se integrar num sistema, ou melhor, eles encarnam em si próprios, a despeito da sua precariedade e do seu caráter fragmentário, todo o sistema em questão”.

“Em último caso, um objeto que se torna um símbolo tende a coincidir com o todo, da mesma forma que a hierofania tende a incorporar o sagrado na sua totalidade, a esgotar, por si só, todas as manifestações da sacralidade. Qualquer pedra do altar védico, ao tornar-se Prajâpati, tende a identificar a si todo o universo, da mesma forma que cada deusa local tende a tornar-se a Grande Deusa e, em última instância, a anexar a si toda a sacralidade disponível. Este “imperialismo” das “formas”religiosas aparecerá mais claramente ainda no volume complementar que dedicaremos a elas. Contentemos-nos em assinalar que essa tendência anexionista reaparece na dialética do símbolo. Não só porque todo simbolismo aspira a integrar e a unificar o maior número possível de zonas e de setores da experiência antropocósmica, mas também porque todo o símbolo tende a indentificar a si próprio o maior número possível de objtos, de situações e de modalidades. O simbolismo aquático ou lunar tende a integrar tudo o que é vida e morte, quer dizer, “devir”e “formas”. Quanto a um símbolo como a peróla, ele tende a representar ao mesmo tempo estes dois sistemas simbólicos (da Lua e das águas), encarnando por si só quase todas as epifanias da vida, da feminilidade, da fertilidade, etc. Esta “unificação”  não equivale a uma confusão: o simbolismo permite a passagem, a circulação de um nível para outro, de um modo para outro, integrando todos estes níveis e todos estes planos, mas sem os fusionar. A tendencia para coincidir com o todo deve ser entendida como uma tendência para integrar o todo num sistema, para reduzir a multiplicidade a uma “situação” única, de maneira a torná-la, ao mesmo tempo, o mais transparente possível.” (....) p. 369-371



“172. Lógica dos símbolos – Por conseguinte, é legítimo falar de uma ‘lógica do símbolo’, no sentido de que os símbolos, qualquer que seja a sua natureza e o plano em que se manifestem, são sempre coerentes e sistemáticos. Esta lógica do símbolo sai do domínio próprio da história das religiões para enfileirar nos problemas da filosofia. Com efeito – e já tivemos ocasião de verficá-lo ao etudarmos o simbolismo da ‘ascensão’ –, as criações daquilo a que se chama o subconsciente (sonhos, “sonhos acordados”, efabulações, psicopatogenias, etc.) apresentam uma estrutura e uma significação perfeitamente sucetíveis de homologia, por um lado, com os mitos e os ritos ascensionais e, por outro, com a metafísica das ascensão.  Não existe, a rigor, solução de continuidade entre as criações espontâneas do subconsciente (os sonhos ascensionais, por exemplo) e os sitemas teóricos elaborados no estado de vigília ( por exemplo, a metafísica da elevação e da ascensão espirituais). Esta verificação desemboca em dois problemas:
1) Teremos ainda o direito de continuar a falar exclusivamente de um subconsciente? Não seria preferível pressupor também a existência de um transcoonsciente?

2) Terá fudamento a afirmação de que as criações do subconsciente oferecem uma estrutura diferente das criações do consciente? Mas esses dois problemas devem ser discutidos na sua perspectiva própria, que é a da filosofia.”p. 370-371


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