Roteiro para Iniciação
Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida[1]
Introdução
O
presente roteiro deve ser lido bem devagar. Anote os nomes de associações e
escolas para depois você pesquisar na internet, porém, antes, faça a leitura
até o final. Outras dúvidas poderão ser formuladas e direcionadas a alguém que
você escolheu para ser seu tutor nessa empreitada. Esse texto é uma introdução
e por isso não tem um conjunto de informações, o que permite uma leitura mais
rápida e atenção ao principal.
Ser
um iniciado é uma caminho complexo. Depende de muitas coisas, algumas até
parecem ser fora da razão, pura coincidência, mas nunca dispense a razão, mesmo
reconhecendo seus limites.
Esse
texto é seu primeiro contato com um conteúdo feito para lhe orientar. Sem a pretensão
de lhe iniciar nessa ou naquela escola, aliás, não há iniciação pela internet,
penso que não há auto-iniciação. Ser iniciado depende sempre de alguém ou,
sobretudo, de um grupo. Pessoalmente
penso que só há iniciação no seio de uma comunidade, que após conviver com ela
como postulante, você se encontre preparado para ser iniciado.
Fraterno Abraço
***
Vamos começar
Para
propiciar a adequada iniciação de alguém faz se mister a proposição de dois
programas.
1) PCI – Programa de Combate a Ignorância
2) PAC – Programa de Aceleramento Cultural
PARTE
I
P.C.I
O primeiro programa consiste em desmontar
uma cultura da ignorância, nesse sentido ele é o mais complexo e de difícil
enfrentamento, pois o modelo social vigente tem por base a ignorância. Como é o
modelo hegemônico, conta com todos os recursos possíveis para se perpetuar.
O
modelo de cultura na qual vivemos elege como valores e impõe às pessoas um
jeito de ser que é em função do ter. Qualquer outro modo de ser - ser
para cultura por exemplo - é acossado e ridicularizado. Uma pessoa que anda de
ônibus ao invés de comprar um carro em longas prestações e, com isso, pagar
quase dois carros, é tratada como estranha. Na verdade quem faz essa opção
chega mesmo a não ser vista pela grande maioria da massa. Esse seguimento social tem por expediente não ver as coisas
e em dado momento chega ao ponto de não conseguir mesmo dizer o que sente de
alguém que prefere comprar livros do que casar e ter filhos. Soa para eles tão
estranho que foge a capacidades deles em ver tal opção existencial.
Outro
fator que dificulta a iniciação nos dias de hoje é que o ter tem lá sua base de verdade. Não dá para não ter algumas
condições materiais necessárias para vida humana. Todos nós precisamos ter uma
moradia, comida, roupas um lugar. Sem esses elementos estamos nos privando de
dimensões físicas que compõe a condição do humano. A base para a massa afirmar
o ter em detrimento do ser se localiza nessa premissa. A força da cultura do
consumo que impede qualquer dedicação do humano às questões
espirituais-filosóficas também ganham força com esse dado de verdade.
Ainda
sobre a massa, podemos dizer que para ela há apenas uma realidade que é
produzida pelos meios de comunicação. Aliás, a realidade deles é apenas aquilo
que aparece na televisão e, mais recente, pela internet. Esse público não
consegue captar que para se fazer um programa de televisão é preciso de várias
pessoas “por detrás” das cortinas. O
nível de ignorância leva a massa a pensar que as aulas do “Telecurso”, um tipo
de educação através da TV que passa sempre bem cedo quando todo mundo está
dormindo ou se apertando nos ônibus para irem ao trabalho, são idênticas às que ocorrem em uma escola. Foge
por completo a eles que há muito além do que aparece para eles.
Um
curso de ocultismo para esse público é simplesmente prepará-los para verificar
que essas e outras estruturas estão ocultas à sua compreensão. O termo oculto
aqui não se trata de algo além humano, ainda que a massa assim considera o
termo, mas estamos falando de questões que uma boa alfabetização resolva.
Considerando que no Brasil, mas não muito distinto nos E.U.A., o número dos
analfabetos funcionais encontra-se na casa dos 80% da população, “deso-ocultar”
é antes de tudo ensinar as pessoas a lerem a realidade que as cercam, pois há
muito elementos “ocultos” incidindo sobre a vida delas.
Quem é a massa?
Em geral temos a ideia de que o outro é a
“massa”[2].
Porém é bom ficarmos atento, pois certamente temos em nós muitos elementos
dessa cultura que presa pelo ter e não pelo ser. Em alguns momentos somos
mesmos obrigados a nos submeter à mesma lógica, pois não temos como se
esquivar.
O ideal, então, é nos planejar para
construir outros hábitos, o que exige da pessoa muito mais do que mera boa
vontade. Eu e você, portanto, somos “massa”quando somos obrigados a passar por
uma pessoa “em situação” de rua. Como não conseguimos resolver todos os
problemas e males do mundo, somos obrigados a esquecer um pouco as desgraças do
mundo para poder levar a nossa vida. Nesse momento necessário, acabamos de agir
igual a massa, pois a indiferença é uma das suas marcas. Podemos citar ainda o
egoísmo ou o consumo pelo consumo.
O combate da cultura de massa deve
começar em nós. Por exemplo, evito ao máximo enviar e-mail em massa. Valorizo a
comunicação lenta, mas personalizada.
Como fazer isso?
Chegar
para um pai ou mãe e dizer que o filho dela é o mais bagunceiro da escola pode
gerar efeitos tenebrosos para o professor que assim proceder. Os pais da várias
classes sociais (baixa, media ou alta) em geral não estão preparados para ouvir
o veredicto de um profissional de educação. Aliás, na medicina onde o discurso
é mais respeitado, existe mesmo o direito Legal do médico em omitir algum
diagnóstico terrível a um paciente.
No mundo esotérico e seus similares
(oculto, hermético, místico, etc) existem vários tipos de escolas procurando
preparar a pessoa para fazer essa transição entre um mundo ordinário, chamado de
profano, e um mundo do iniciado, de percepção apurada e refinada acerca da
realidade.
Como no caso dos pais, o profano que
deseja ser iniciado deve ser poupado de alguns coisas. Deve se ministrar novos
conhecimentos em doses que a pessoa consiga absorver. Uma dose fora da medida
pode fazer com que a pessoa nunca mais volte a uma escola esotérica.
Várias
escolas procuram estabelecer seus métodos para ganhar a queda de braço, pois o
modelo social vigente atual atua com muita força em impor um modelo de cultura
que nega ao seres humanos dimensões mais elaboradas e refinadas do existir. A
força da cultura de massa exerce o papel curioso de esvaziamento do sentido da
vida. Quanto mais se consome ou quanto mais as tecnologias prometem fazer
milagres, menos sentido a vida parece ter. Tecnologia de ponta não garante
felicidade humana de ponta, ainda que a tecnologia pode propiciar alguns
bens-estar, não consegue completar o sentido da vida.
De onde partir?
Os
métodos de combate a ignorância tem que coletar seus adeptos onde eles se
encontram. As escolas esotéricas em geral “armam suas redes” no turbilhão da vida urbana,
pautada pela pressa e pelo consumo. O perigo que essas escolas correm é de
serem vencidas pela força do senso comum
e trazer para seu interior hábitos e modos capturados juntos aos profanos
que elas pretendem “iniciar”. Em geral, infelizmente, isso é muito comum.
Porém, não há outro caminho. Levar a “luz” só faz sentido se for onde há escuridão.
Para
ser iniciado é preciso conhecer a cultura em que estamos. Ser iniciado não é
fugir da realidade posta, mesmo que eu discorde dela. Também não é se esquivar
de conhecer a si mesmo. Quando alguém se recusa a pensar a si mesmo, sua
história pessoal, quem são seus pais, irmãos, etnia, entre outros temas, está
no lugar errado ou sedo enganado.
O
primeiro passo da iniciação é o conhecimento de si, para depois conhecer o meio
em que se vive e, finalmente, procurar conhecer as “outras coisas” que compõe o
universo.
Sem
querer desanimar, leva-se de 20 a 30 anos para operar mudanças substanciais nas
duas primeiras fases. Vários pseudos-iniciados, muito frequentes, nunca
conseguem entrar na primeira fase, mesmo pertencendo a uma Instituição, pois se
recusam fazer o trabalho sobre si. Se recusam a colocar em prática o velho
ditado délfico: “conheça-te a ti mesmo”. Um dos motivos é a falta de modéstia,
egoísmo, pedantismo e muitas outras postura da “cultura de massa”.
Qual a primeira Impressão
O expediente mais
utilizado é o de dificultar a entrada, pois com isso está procurando verificar
a capacidade do pretendente em insistir na vida de estudos e pesquisa que é um
percurso lento. Quando ocorrer o contrário, isto é, quando os processos de
admissão forem rápidos demais, desconfie,
pois se trata de alguém querendo o seu dinheiro.
Outro
problema que se verifica nas sociedade esotéricas no Brasil é o caráter amador
no trato desse assunto. Junto ao caráter amador e ao mesmo tempo fruto dele,
parece-me que está um tipo de charlatanismo. Muito semelhante aos
“pastores-da-televisão” que fazem milagres de dá inveja a toda a medicina
moderna. Esse tipo de charlatanismo é distinto dos modelos clássicos, pois para
a legislação brasileira você pode ter liberdade de culto e dizer que o seu Deus
faz isso ou aquilo.
O
“pastor”, em geral um analfabeto funcional que não consegue escrever uma
redação de duas páginas, está imerso em uma cultura de “pregação” que
naturalizou um tipo de fazer. Portanto, eles próprios não veem o seu estilo
como estelionato. Esse mesmo fenômeno se faz presente também nas escolas
esotéricas. Tem muitas pessoas que são muito limitadas em termos intelectuais,
mas que se dispõe “levar a luz” aos outros. Porém, sem qualificações esse
“mago” acaba por fazer um tipo de
“esquisoterismo”, isto é, uma mistura de “coisa-esquisita” com
esoterismo. No meio desses tem os que movidos de boa vontade e pouca capacidade
não chegam a lugar algum, apenas acentuado maluquices e aprofundando patologias
psíquicas. Outros, mais perigosos, fazem da iniciação e do esoterismo uma fonte
de renda. Em geral cobram caro para fazer iniciações, o que é uma fonte de
renda garantida.
Outro
ponto relevante e que compõe as primeiras impressões do mundo esotérico é a
ideia de exclusividade. Cada escola se diz a única capaz de iniciar a pessoa.
Quando se tem em mãos os materiais de estudos ou propaganda iremos notar a
total omissão de diálogo e os textos assumem com frequência estilo catequético,
expurgando totalmente a razão. Aliás, o mais bizarro e certificar como até
mesmo um movimento racionalista vira dogmático e catequético.
Essas
contradições ou argumentos falaciosos logo são percebidas por alguns raros
indivíduos que tem um profundo interesse pelas questões místicas, mas não dispensam
o bom sendo propiciado pela razão. Fatos que faz com que a pessoa se afaste da
oportunidade de se dedicar a um tipo de desenvolvimento de si.
Primeiro passo do P.C.I.
Terapia
Procure
um profissional de análise (psicanalista) para lhe auxiliar a “cuidar de si”. Nos dias de hoje, 2011, é
comum as pessoas fazerem filas nas “academias de ginástica”, mas o cuidado das
demais dimensões do humano, que vão além do corpo físico, são totalmente
desconhecidos. A cultura de massa, aliás, não só desconhece o cuidado de si, compreendido como cuidado
da dimensão simbólica que compõe o ser humano, mas zomba desse fazer. Considera
alguém que procura cultivar suas dimensões sutis ou psicológicas como alguém
que “precisa de deus”. O certo para essa cultura cancerígena é aceitar um
conjunto de coisas oriundas de proposições que se dizem representar o sagrado
enquanto uma das dimensões do homem mais elementar.
O
cuidar de si compreende de fato o cuidado com o corpo, mas existem outras
dimensões na composição do humano que também precisam ser cuidadas. Se nos dias
de hoje passar horas na “academia” é normal, para um morador do meio rural da
década de 70 soaria algo profundamente estranho. A ginástica passou a fazer
parte do repertório do brasileiro muito recente e demonstra um cuidado corporal
que tem excedido ao normal. Ter o corpo “sarado” passou ser algo fora do
normal, beirando a doença. Esse desequilíbrio e a ausência do cuidado do
espírito pode estar na causa da perseguição do corpo ideal que é uma magreza doentia.
As escolas
São
varias as escolas e tipos. Algumas só aceitam homens outras, raras, só
mulheres. E um número crescente aceitam ambos os gêneros. Abaixo uma lista das
que julgo interessantes, mas que deve ser avaliada a cada caso.
Maçonaria
(Basicamente são três grupos no Brasil: http://www.cmsb.org.br/; http://www.comab.org.br/ e www.gob.org.br ; fora esses grupos não recomendo) Maçonaria
Mista (Aceitam ambos os gêneros; GLADA http://www.glada.org.br/ e
http://www.droit-humain.org.br/website/ Le Droit Humain); Eubiose; Teosofia; Rosa
Cruz (Amorc é uma Rosa Cruz, tem outras, como a Fraternidade Rosa Cruz); Pró-vida;
Umbanda (www.ftu.edu.br); Antroposofia (www.sab.org.br; que não se apresenta como tal; tem bons
materiais, talvez a mais profissional e qualificado sociedade esotérica-mística
existente no Brasil; é bem restrita; sofre de endogenia.); Circulo Esotérico do
Pensamento.
É
importante dizer que ainda existem várias outras experiências iniciáticas e
esotéricas, mas que preferem não se apresentar dessa forma. Existe ainda uma
lista daquelas que não é bom procurar, coisa que é melhor fazer pessoalmente.
Existem vários outros grupos esotéricos,
mas para esse manual já é um bom começo.
PARTE II
P.A.C
O
Plano de Aceleramento Cultural não é uma ideia genuína desse manual.
Encontramos com essa proposição através de um vídeo-aula do youtube sobre a
ética de Aristóteles. Mais tarde verificamos que se tratava de um projeto amplo
e muito interessante que faz orbita ao pesquisador Waldo Vieira, com sede na
cidade de Foz do Iguaçu. Os objetivos do projeto é amplo, mas penso poder dizer
que ele se caracteriza por se dedicar a pesquisar a consciência humana, donde
deriva o nome “conscienciologia”. (http://www.iipc.org/ )
Não
temos contato algum com o projeto, apenas fizemos leituras oriundas da
internet. Porém, a ideia de um projeto de “aceleramento cultural” nos pareceu
genial. Não dá para estudar as implicações da consciência, especialmente quando
o assunto tem como origem a obra O Livro
dos Espírito de Leon Denis – Allan Kardec, sem uma dose de conhecimento da
história do conhecimento humano.
A
limitação cultural acaba por dificultar qualquer trabalho sério sobre
misticismo. Nesse sentido, uma pessoa que se disponha a ser um iniciado deve
procurar se qualificar. A qualificação cultural não é mero curso profissional,
o que coloca um desafio adicional à pessoa.
Quais cursos deve-se fazer?
Os
cursos mais apropriados para auxiliar as reflexões esotéricas místicas são
campo do saber que em geral tem pouco “entrada” no mercado de trabalho. Aliás,
em uma primeira olhada até parecem ser coisas totalmente estranha uma a outra.
Nesse
contexto se instala algumas contradições. São raros os estudantes de Filosofia
que se interessam pelos estudos esotéricos, pois consideram esse fazer indigno de um intelectual. É muito comum
estudantes de filosofia serem oriundos de classes ricas, onde o dinheiro e
posse acossa a ideia do sagrado. A moda é ser ateu e confundir religião com
sagrado. Os alunos de origem pobre, encontram problemas sérios em se inserir no
mercado de trabalho. Em geral os empregos são péssimos e desestimula qualquer
dedicação ao esoterismo ou Filosofia mística. No computo, de um lado ou de outro, o curso
mais apropriado para o esoterismo acaba por não contribuir em quase nada com os
movimentos esotéricos existentes no Brasil.
Essa
realidade é que está na base do amadorismo dos responsáveis pelas escolas esotéricas
em geral, pois não há interseção entre o mudo profissional da pesquisa em
Filosofia e as experiências esotéricas.
Resta
às escolas pessoas boa intencionadas e, em geral, bem sucedidas em outros
campos profissionais. Pessoas que alcançaram certa tranquilidade profissional
em campos do saber e do fazer que tem muito pouca ligação com a iniciação
esotérica. O que acaba acarretando uma confusão básica, pois ser bem sucedido
em um campo do saber como engenharia, direito, medicina, não implica que se possa
fazer uma transposição desse sucesso para assuntos esotéricos.
Filosofia e Artes são os cursos mais
indicados para uma iniciação esotérica de fato. Outros que podem complementar o
desenvolvimento são: Matemática (música),
Física e Química.
O
ideal para qualquer escola esotérica é articular três campos do saber. Filosofia,
Teatro e Artes/Fazer. Devemos compreender Artes no sentido grego de técnica ou
da capacidade humana em criar coisas, portanto um pouco mais amplo do que
acostumamos compreender por artes. Os Companheiros
da França, por exemplo, consiste em uma Confraria em que isso é posto em
prática. Talvez a única nos dias de hoje.
O Teatro
nesse contexto pode ser também chamado de liturgia ou um método no qual
utilizamos nosso próprio corpo como instrumento de aprendizado. A dramatização
ou encenação é um poderoso instrumento no conhecimento de nós mesmos. Filosofia
como o conteúdo ou o “Ser”, isto é, tudo aquilo que “é”. São os conteúdos de sentido da vida, os
princípios que escolhemos vivenciar em comunidade.
Nesse
contexto, uma formação esotérica adequada implicaria em não só estudar
Filosofia, mas saber igualmente alguma fazer
“útil” para o mercado de trabalho. De qualquer modo é um desafio para uma
formação esotérica madura e profissional pensar que não dá para ser iniciado e
retirado do mundo. Mesmo em uma comunidade isolada, será necessário saber fazer
algumas coisas no mundo, isto é, as coisas úteis são necessárias, pois de algum
modo elas também contribuem para a iniciação.
Ser útil ou se retirar da sociedade?
Mesmo
os grupos esotéricos que se propõe sair da sociedade em que vivemos, pois a considera corrompida
demais, se veem obrigados a terem um bom conhecimento dessa sociedade para
poder fundamentar a retirada dela. (Alguns grupos que se retiram parcialmente:
Cidade Eclética, Fundação Harmonia, Fazenda Figueira, etc.). Nesse sentido, ser
esotérico não é negar os fazeres uteis dessa sociedade. A questão é que
queremos evitar os fazeres “futéis” fazemos confusão. Escolher portanto uma profissão
que seja útil não é a mesma coisa que algumas coisa inútil ou fútil.
Um
bom curso de eletrotécnica, de costura, de cozinha, de cerâmica, de mecânica,
de construção civil, entre outros, não são coisas que um iniciado é indigno de
fazer. O difícil é conciliar esses fazeres técnicos com a Filosofia e a
iniciação, pois em geral a sociedade de massa fez uma hierarquia de valores
sobre os fazeres profissionais. O que coloca todos as profissões técnicas no
lugar de menor valor e as de “curso superior” com maior valor.
Esse
desejo de “sumir” da vida urbana, muito almejado por quem procura as Ordens
esotéricas, não é um fato novo. Desde os monges do deserto, lá no antigo Egito,
passando pelos puritanos da Europa (Menonitas, Quaeks, Amsher, etc) aos movimentos
Hippies de nossos dias, sempre houve interesse de grupos de pessoas de se
isolarem dos demais e construir uma nova sociedade que coloque no centro da
vida comunitária os ideais defendido pelo grupo. Certamente irão verificar
nessa comunidade isolada o que só a Filosofia não resolve problemas de comida,
abrigo e proteção.
Mãos a obra.
Considerando
alguém que não pode se dedicar aos estudos, enquanto alguém pague as suas
contas, podemos pensar em dois roteiros para o P.A.C.
A)
Curso Técnico + Curso de Filosofia
Um bom curso
técnico feito no Centro Federal de Educação Tecnólogia ou nos SESC-SENAI pode
resolver o problema de emprego que muitos postulantes do mundo esotérico passam.
São cursos de alta empregabilidade e de remuneração muito boa. São cursos que
capacitam de fato quem passa por eles. Esqueça os demais.
Após
um bom curso técnico a pessoa pode procurar um curso de Filosofia. Existem
cursos gratuitos nas Federais ou mesmo em algumas particulares.
B) Curso
de Filosofia em Universidade Pública
Outra
opção é procurar uma boa universidade pública que oferte Filosofia. Atualmente
existem boas condições para que a pessoa possa se dedicar aos estudos
universitários. Com certo esmero, pode-se pleitear ajuda governamental para se
manter na universidade. Contudo, ter apenas um graduação em Filosofia não lhe
ajudará no mundo na esfera da sobrevivência. Sempre é bom poder ter feito um curso
técnico, pois filosofia não “dá futuro” no mercado de trabalho.
Associar
um curso técnico e uma graduação em Filosofia, parece-me a chave de ouro. A
filosofia potencializa qualquer fazer técnico e quem transitar pelas duas
aéreas, além de ser requisitado pelo mercado simplesmente por ter feito um curso
técnico, terá o diferencial de conseguir ir além do ordinário (comum). Habilidade
requisitada e bem paga pelo mercado.
Enfim,
estamos no começo. Lembre-se, há tempo para tudo. Será que você está vivendo o
que deveria estar vivendo?
Prof. Me. Cídio Lopes de
Almeida
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