Juízo e informação!

Em um excelente livro, Formação de Juízo, Lex Bos traduz pedagogicamente a obra Crítica do Juízo de Imanuel Kant. Para além de uma resenha, quero discorrer dessa problemática no nosso cotidiano. E com isso considerar da utilidade da Filosofia na vida diária.

Para além dos bordões dos acadêmicos, que já ganham dinheiro com filosofia sendo professores, filosofia e seu rico repertório inside em coisas banais; Como obtemos informações e como formulamos juízos.

Formular juízo na vida ordinária é uma coisa que fazemos aos montes. Seja andando pela rua, vamos julgando. Julgamos as pessoas com quem encontramos, aquela é "feia", aquela é "bonita", aquele é "marginal", aquele "pode me roubar", aquele é "lindão".....

Nesses juízos existem vários elementos que não pensamos conscientemente. Por exemplo, não nos damos conta dos machismos e racismos implícitos nas observações que enumerei acima. Certamente em "bonita ou feia" está implícito uma ideia masculina que considera a mulher enquanto objeto de consumo; já na consideração "marginal ou bom moço" certamente teremos elementos de racismo, onde um negro sempre será considerado marginal e um branco de olhos azuis o príncipe encantado.

Ou seja, fazemos juízos e o fazemos nos servindo de várias informações. Informações que vamos obtendo ao longo de nossa vida; seja na escola, na Tv ou na Igreja; vamos depositando informações dentro de nossa memória. Esse fato por passar desapercebido acaba por natural.

Citei dois exemplos apenas; quero passar para outros assuntos como a crise d'água em São Paulo, Capital, ou a política no Brasil. Nesse campo também temos "opiniões". Sabemos que política é "ladrão, corrupto, ...."; Mas como sabemos disso? E sobre a falta d'água, apesar de estar chovendo em São Paulo, como sabemos que "é por falta de chuva" que a água vai acabar?

Ou seja, sabemos, mas não sabemos explicar como sabemos. Esse fenômeno nos coloca algo desconcertante. Temos juízos sobre dois assuntos relevantes, mas não sabemos como formulamos nosso juízo. O que é pior, minha fonte é o jornal da globo ou qualquer jornal. Ora, opinamos baseado em elementos que outros nos dão; longo vejamos quão frágil é nossa opinião.

Aliás, entre os gregos da Antiguidade (século VI - V a.C) tinha duas palavras para essa situação. Opinião era "doxa", algo sem valor de Verdade. Doutro lado, episteme, que deu origem a epistemologia, era contrária à opinião, superficial, e portanto com capacidade de produzir verdades.

Constrangedor, mas não temos condições de produzir bons juízos; mesmo na época onde a ideia corrente é que temos acesso a muito mais informação do que nossos "avós". Mentira total, se consideramos as "postagens" dos face`s, onde vemos campear a desinformação.

Excesso e falta andam juntas.













Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Qual o interesse em fazer da Síria a nova Bósnia?

Cuba elimina transmissão da Aids entre mãe e filho!

Raskolnikov me persegue