Na mala de Cunha, vem aí o “varejão”, digo, o “distritão

De Fernando Brito em Tijolaço

12 de fevereiro de 2015 | 13:07 Autor: Fernando Brito
gerry
Da coluna da Ilimar Franco, hoje, em O Globo:
“A proposta do vice Michel Temer de instituir o distritão ganha corpo no Congresso. O PMDB está fechado com o modelo que acaba com o voto de legenda. Este tem sido uma vantagem para o PT, sigla com o dobro de simpatizantes do segundo colocado. No distritão serão eleitos os mais votados. As cúpulas do PP, PR e PTB aprovam. O ministro Gilberto Kassab (Cidades) garantiu o apoio do PSD. O DEM, que preside Comissão da Reforma Política com o deputado Rodrigo Maia, também caminha nessa direção. Esses partidos somam 223 votos. Resta saber o que fará o PT, que não tem votos para aprovar o voto em lista. Eles podem ajudar a construir a mudança ou obstruir qualquer proposta que não seja a sua.
Vamos, está visto, caminhar como caranguejos, com passos para trás, restabelecendo o poder dos “donos de curral”.
Com dinheiro das empresas e as estruturas dos “seus” prefeitos, quem pode ser derrotado?
Já tivemos voto distrital por aqui, nos “círculos” do Império, que asseguravam cadeiras no parlamento às oligaquias locais.
Idem no sistema eleitoral que prevalece, em parte, ainda hoje nos Estados Unidos, onde até o Presidente da República pode ser eleito perdendo no voto popular, pelo sistema de eleição de “delegados”.
Sem falar no “Gerrymandering” uma mistura da palavra salamandra com o nome do ex-governador de Massachusetts e vice-presidente Elbridge Gerry, que redesenhou os distritos eleitorais de seu estado para garantir vitórias eleitorais.
É de lá dos EUA  que vem a ilustração do que é possível fazer com estegerrymandering distrital.
As bolinhas vermelhas e azuis são em número igual, mas dividindo espertamente os distritos, o partido da bolinha azul fica com três representantes e o da bolinha vermelha com apenas um.
Qualquer semelhança que o distinto leitor veja nisso é mera coincidência…
Parece aquelas charadas que se faziam com palitos de fósforos na infância, mas é neste “parte e reparte e fica com a melhor parte” que se pensa, até porque de bobo ou não ter artes nada tem este pessoal.
Claro que os argumentos serão todos de uma pureza angelical: uma eleição mais barata, com deputados mais próximos das “bases” e a abolição das figuras exóticas (ou nem tanto) dos Tiriricas e  Romários.
E, na prática, o fim dos partidos políticos, como observa o meu colega Fernando Mollica: “Já é difícil governar com partidos inorgânicos, sem um mínimo de coesão. Mas será o caos com o ‘distritão’. Cada parlamentar será, na prática, um partido, um bloco do eu sozinho, não terá qualquer interesse em participar de uma articulação partidária. Defenderá apenas – ainda mais do que hoje, sim, isto é possível – seus próprios interesses. Teremos então 513 partidos na Câmara dos Deputados(…)
Pelas mãos de Cunha, quem duvida que o “distritão” vai virar o “varejão” do voto?

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