O fundamentalismo


Prof. Me. Cídio Lopes
https://profes.com.br/cidiolopes 
(aula particular de filosofia)

Fundamentalismo não é uma coisa que apenas a “direita” pratica ou que seja algo que só um “islâmico” possa ser. Ser pessoa ou grupo fundamentalista perpassa qualquer ideia de direita e esquerda, como essa ou aquela religião. Lembrando que direita e esquerda surgiu por ocasião dos pós-Revolução Francesa (1789).

Grosso modo, é se apegar a um fundamento e a partir do qual tudo será relacionado; tudo mesmo, a política, a justiça, as regras cotidianas de vida, a moral, a educação, a ciência, etc. Nesse sentido, os USA é um país fundamentalista, pois sua constituição e ideal de país é baseada em fundamentos cristãos, bíblicos. (VER MAIS POR VOLTAIRE SCHELING).

O fundamentalismo, como as palavras terminadas em “ismos” indicam redução a algo, é a forte ligação de qualquer coisa a dados princípios ou radicais (fundamentos). Nessa força e preocupação em dizer que o presente deve ser “desse jeito” e não daquele outro, ocorre que se negligencia qualquer novidade, pois até mesmo a novidade é rechaçada como algo negativo.

Essa força que pode ter no seu começo uma preocupação justa, afinal, se deseja que princípios “bons” sejam atualizados e com isso o “bom” seja novamente vivido, acaba por, em dado momento, negar mesmo o presente. A necrosar a vida presente em função de ideias que ao passado do tempo até mesmo se descolam do que realmente seja o bem; mistura-se projeções imaginárias desse ou daquele líder; e coisa se torna anacrônica.

Em política não é diferente, quando alguém, seja da dita esquerda ou direita se torna um fundamentalista ocorre o mesmo que se dá na religião. Não se vê mais o presente e se aferra a ideias idealizadas dessa ou daquela forma de fazer política. É clássico nos filmes sobre Hitler quando alguém pede para o outro, em tese seu partidário hitlerista, mostrar a sua “carteirinha do partido”, como desconfiança de que o outro não seja.

Essa desconfiança é um traço fundamentalista, afinal, é preciso verificar se todos estão mesmo seguindo o princípio, mas no estágio já de doença a desconfiança – montada em jogos imaginários que procuram por um lado controlar, por outro pelo medo de não se ter o controle – , ataque os próprios partidários. Se começa a dizer que esse ou aquele não é do partido. Como a fantasia é toda ela montada nos jogos psíquicos, sem contato com a realidade que não seja a realidade dos fantasmas que habitam a imaginação do próprio indivíduo, o auge dessa alucinação é os inimigos internos; os infiltrados. E como são esses a plateia do aloprado, pois os seus reais opositores não habitam os mesmos lugares que ele, raramente, ele não consegue descer do seu mundo fantasioso e arrumar alguém para “bode” expiatório que não seja ao alcance da mão.

Esse circuito leva e levou historicamente a perseguições implacáveis. Nesse sentido é relevante o que Antônio Paim registra sobre os movimentos na União Socialista das Republicas Soviéticas – URSS, indicando os sistemas sofisticados de perseguição e destruição de opositores a Stalin. O que não foi escola isolado, pois esse modelo campeou no fascismo italiano, no “social socialismo” (nazismo) alemão.

Esse fenômeno não se reduz a um parágrafo e poderíamos aprofundar mais. Como ele se apresenta em verões mais sutis, sem o lado de matar fisicamente alguém, logo podemos notar que o ambiente que se forma no entorno de um certo “professor de filosofia”, como se abundam as brigas pela internet, também lembra o que citamos acima como sendo a marca de regimes baseado pelo fundamentalismo. E não ficaria aí, quantos “gestores” de equipes não são pessoas que vivem a criar ambientes de desconfortos afetivos, como modo operante de governar.


O fundamentalista, portanto, esse radical que consegue, por um jeito de funcionar interno a ele mesmo, desconfiar e acusar seus próprios correligionários não é exclusivo da “esquerda” ou “direita”, ele é presente em todas as vertentes políticas. E qualquer um que não funciona desse modo sabe que já se viu diante de um desses. E com ele não haverá outra saída: em algum momento todos a sua volta serão culpados.

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