Ética e Globalização
Síntese:
Prof. Me. Cídio Lopes de Almeida
Síntese apresentado no âmbito de Integralização de
créditos em Teologia na EST-ED
O
prof. Valério G. Schaper, no texto “A
globalização: Economia, injustiça, violência e miséria”, nos propõem fazer
o itinerário conceitual para
compreendermos a globalização e como podemos pensá-la teologicamente. Nos os
tópicos O Nascimento da Globalização
e as Características da Globalização o
tema abordado é o da história da globalização e o que a define como tal. Em seguida, já no tópico “Pautas teológicas para uma abordagem da globalização” a sua
questão é a teologia ou as possíveis vias teológicas pelas quais o cristão pode pensar sua ação
enquanto crente nesse contexto que em muito é antitético às orientações do
Reino de Deus.
Para
conseguirmos propor alternativas ao capitalismo, proposta que também é feita
pelo texto de Carola Reintjes - “Alternativas:
outra economia, além do capital, teremos que delinear os fundamentos da
atual cena do que é vigente e hegemônico enquanto Economia Globalizada. A
compreensão da globalização e do sistema econômico subjacente a ela se faz
necessário e será fundamental se quisermos lograr êxito em superá-lo.
Na primeira acepção do termo
globalização o texto do professor Schaper é objetivo: “no ano de 1521, Fernão de Magalhães faz, pela primeira
vez, uma viagem completa em volta do globo, comprovando empiricamente que a
terra era arredondada”.[1]
Portanto globalização refere-se apenas e tão somente que é possível estabelecer
relações sociais em vários pontos do planeta que, por sua condição esférica, por
isso se trata de globalização. Pela primeira vez o humano descobre que seu
habitat tem um fim, isto é, é possível conhecer todos os pontos de onde
moramos.
O
segundo modo de compreendermos globalização está intimamente vinculado a um
tipo específico de prática econômica em que se dá a relação global dos homens. Trata-se
da globalização enquanto relações de produção e consumo que está conectada em várias
partes do orbe terrestre.
O
que motivou as primeiras navegações, que eram bastante caras, não foi o desejo
de propagar algumas verdades ou uma vontade de conhecer, mas o interesse em
resolver carências de ordem material. Fator que coloca a economia em pauta.
O
fato é que as bases lançadas na expansão e “ocupação” do novo mundo para
resolver carências internas redundaram em relações de dominação dos países da
Europa sobre “o novo mundo”. Modalidade
de domínio que denominamos de
colonialismos e pode ser enfeixadas em dominação rude e dominação sofisticada.
Ambas permeiam ainda hoje o conceito e a realidade da globalização.
Explicando
de outro modo, podemos chamar de rude a exploração que empregava poucos
recursos tecnológicos, como a extração de ouro e prata ou a produção de açúcar.
Práticas que foram logo sendo mais sofisticadas, especialmente com a Revolução
Industrial, na qual a Europa inova em termos de tecnologia de produção. E por
último, como a fase que denominei de mais sofisticada, podemos dizer que os
sistemas econômicos, através de Instituições Financeiras desenham o quadro
atual da colonização sofisticada. O ponto comum entre todas as fases é que a
Europa sempre exerceu o poder sobre as colônias. O que nos leva a considerar que não se pode
aplicar a expressão “antiga colônia”, mas de que se trata de colônias baseadas
em novos modelos de dominação. Sofisticação que até mesmo permite a criação de
uma autonomia política das colônias, porém sobre a dependência econômica.
Essa
ideia de que há apenas fases diferentes da dominação parece ganhar força com a
“teoria da dependência’ que explicava o atraso dos países periféricos pela
forma de inserção subordinada dos países periféricos na economia mundial”[2].
Na nova fase da dominação as Instituições mais representativas são FMI e o
BIRD. O centro da dominação também se desloca para os EUA, ainda que parte dela
continua nas mesmas “metrópoles” européias,
As
características dessa nova fase de dominação é o uso tecnologia, especialmente a tecnologia
de informação, para exercer o domínio. A economia de mercado e, sobretudo, de
consumo é a forma que temos hoje de globalização. Todas as demais dimensões da vida humana e
dos recursos do planeta são dispostos como possibilidade de consumo.
O
desafio de alternativas ao capitalismo ou mesmo uma “pauta teológica” para pensar e viver no constante acinte da
mercadoria requer retomar algumas idéias como graça ou gratuidade da vida; a necessidade de respeitar a nossa
casa terra(ecologia); uma vida baseada no amor[3]
e não na pornografia; a comunhão com o outro ou o encontro face-a-face na comunidade como mistério que transborda a própria
capacidade de comunicação da linguagem, contraponto essencial à ideia de que
tudo é possível através da comunicação mediada pelas redes virtuais sociais.
Ao
considerar os temas acima, é possível pensar em alternativas, pois é preciso
“suprir desejos, evitando consumismo”, como muito bem nos adverte o texto de
Carola Reintjes. Para evitar o consumismo e suprir as necessidades “necessárias”
do humano, deve-se cultivar outro modelo de existência, o que os temas
fundamentais levantados pela “pauta teológica” do prof. Schaper nos indica. A
saída ou a trincheira de resistência e proposição de novos modelos econômicos
precisam gerar e cultivar as matrizes culturais que não dê alento ao
capitalismo vigente. O fim (télos) da
condição humana deve ser posto novamente como princípio(akhé), pois assim é possível pensar “uma mundialização cooperativa
da solidariedade, uma economia(do grego eco-nomia) recriada com a getão e o
cuidado(nomia) da casa(oikos), desde o doméstico, o lar e a comunidade até o
Planeta Terra.”[4]
[1] SCHAPER,
Valério G. A Globalização: Economia,
injustiça, violência e miséria. Faculdade EST: Texto ditático – Ética. São
Leopoldo/RS. p. 1
[2] SCHAPER.
Idem. p. 3
[3] Cf. MARCUSE,
H. Eros e civilização. R.J.: Zahar
Editores, 1975
[4]
REINTJES,Carola. Anternativas: outra economia, aloem do capital. Texto didátido
EST. p. 3
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