O grau de M.`. Maçom
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Boa leitura.
O Grau de M.'. Maçom
Boa leitura.
O Grau de M.'. Maçom
Não é novidade ou mesmo mistério que qualquer
sociabilidade procure organizar as etapas de aprendizado dos seus membros.
Antes, sociabilidade é o nome que se dá para qualquer grupo humano que se
aglutina em torno de princípios filosóficos. Distingue da aglutinação de
pessoas em torno de princípios religiosos, pois a ideia da religião,
especialmente os três “monoteísmos”, implica disposições que excede à razão humana,
o que demanda, por exemplo, práticas não lógicas tal como a submissão à princípios
que não se captam, em última instância, pelo intelecto. Não lógico não quer
dizer “irracionais”, bestiais, etc. Não lógico quer apenas dizer que escapa à
lógica da linguagem e não quer dizer algo abjeto, etc. Ainda sobre sociabilidade,
para se distinguir de encontros ao acaso, de confraternizações esporádicas, de
encontros num bar ou em torno da “pelada” de várzea, os indivíduos procuram cultivar
uma série de dísticos, de paramentos (vestes), de termos (palavras), de memória
e de motivos (justificativas) e é exatamente por isso que se pode denominar tal
agrupamento de sociabilidade “ilustrada”; sendo o adjetivo ilustrada para
reconhecer que até o encontro regular de um bar é, em última análise, um tipo
de sociabilidade. Sendo a distinção da maçonaria, ao lado de outras como Eubiose,
Lions Club, Rotary Club, Sociedade Teosófica, Antroposofia, o adjetivo
ilustrada.
ETAPA NA FORMAÇÃO MAÇÔNICA
Retomando o assunto/tema desse texto, a Maçonaria
procura de modo muito didático organizar as etapas de formação inicial em três
estágios, sendo a última o dito “Grau de M.`. Maçom”. Anterior a ele temos dois
outros, o de Ap.’. M.’. e o de Comp.’. M.’., que tratarei em outro texto, mas
em resumo, tem-se logo que o novato chega no grupo um grau dedicado a informar
as coisas elementares, seu funcionamento, seus materiais didáticos, e um
conjunto de símbolos que serão arrolados ao longo da formação no intuito de “deduzir
desses símbolos” fixos vários arranjos possíveis na vida cotidiana e
intelectual, mas eles serão primeiro apreendido de cor, no estilo de aprender a
matemática básica para depois passar a matemática avançada.
O segundo grau de formação, ainda em resumo e como vestíbulo
do Grau de M.’. Maçom, é o de Comp.’. M.’. etapa em que se aprofunda naquilo
que é o cerne dessa sociabilidade, isto é, “as artes liberais”, o que marca de
modo indelével o caráter “liberal” da Maçonaria. Ela é liberal no estilo da
Revolução Francesa ou da “Revolução Gloriosa (Países Baixos – Holanda).
Retomarei isso mais adiante. Como estratégia didática, nessa etapa de formação se
mantém símbolos anteriores e se adicionam novos. Os símbolos desse grau são os
mais amplos possíveis, pois é necessário albergar nessa etapa de formação o
acesso a conhecimentos como a Filosofia, a Matemática (sobretudo a geometria
analítica entre outros desdobramentos de filosofia da matemática), a História,
a História das Ciências, a Teologia (Gnose), ou seja, o que se deseja cultivar
nessa etapa, como é bem explícito no material didático do grau, é aquela ideia
de homem do “Renascimento italiano” do homem que transita em vários domínios,
sendo sempre evocado a mítica figura de Leonardo da Vince. Esse homem completo
que não só pensa os meandros complexo das teóricas, mas executam em artefatos
técnicos tal saber e ainda se faz como objeto dessas ideias no campo da ação
moral. Essa articulação nos encaminha para duas ideias, a primeira é a de homem
integral, a segundo é a do militar. Retomaremos adiante em que sentido o homem
é integral e porque isso implica uma disciplina da caserna. Nesse momento, o
que importa aqui é dizer que tudo isso é objeto de estudos do Grau de Comp.’.
Maçom, como pode ser encontrado no manual do grau em forma de indicativos, tal
como “estudar as artes liberais”, isto é, essa simples indicação contém um
amplo desdobramento. Depois dessa digressão, chegamos ao Grau de M.`. Maçom que
é o coroamento de tudo dito anteriormente e alguns avanços que é de grau no
sentido de maturidade.
Para compreender o Grau de M.’. Maçom não se tem
dúvida de que ele está imbricado com o grau anterior. O M.’. Maçom é antes de
tudo uma etapa de maturidade em informações adquiridas no grau anterior.
Qualquer adulto já sabe que na vida temos uma fase na qual adquirimos informações
e vamos arrolando elas, fazendo comparações, observando de pontos diferentes,
até um ponto em que “damos um salto” e dominamos o assunto para além dessa o
daquela informação. É nesse estágio que chegamos naquele tema à maturidade.
Nesse sentido o Grau de M.’. Maçom é incompreensível se o seu momento anterior
não for bem “assentado”. A metáfora da construção cai muito bem, se começarmos
a fazer uma parede na qual os primeiros tijolos forem maus postos, depois de
algumas “fieiras” de tijolas, a parece vai abaixo. Dessa ideia podemos passar
ao processo educacional no geral, a base sempre contribui para os processos
seguintes.
Nesse sentido de que o Grau de M.’. Maçom depende do
grau anterior, o mais apropriado é uma salutar demora no Grau de Comp.’. E
mesmo que a curiosidade deseje nos jogar para o que tem depois, devemos
compreender que se chegarmos lá, no grau 3, sem sedimentar vários aspectos
formativos aqui, daremos um salto que irá nos cegar; chegaremos na nova etapa,
mas deixaremos de ver vários elementos. E esse “castigo” destinado aos
apressados é o que mais motiva a deserção da Maçonaria. Aliás, como os
entendidos já sabem, a parlenda envolvendo H.’. A.’. é exatamente isso. A curiosidade humana as
vezes o leva a querer dar saltos falsos. Ao invés de querer ir para o grau
seguinte a todo custo, como é relatado na lenda de H.’. A.’., tal desejo de
saber mais deve ser voltados para dentro do próprio grau. O desejo de saber
mais não pode querer falsificar a condição ou o estado em que se está. Esse
desejo quando mau trabalhado, perverte-se e passa a querer falsificar situações,
a frustração gerada por ainda não ocupar aquele cargo ou estar apto a ser M.’.
Maçom. Compete ao tutor do Comp.’. Maçom orientá-lo para que observando seus
estados emotivos consiga associar tudo isso aos instrumentos do grau 2;
operando um controle dessa “vontade” ou uma espécie de equilíbrio; trato
provisório, com a vontade enquanto força “pulsional” (sic) existente em todos nós. Como é dito habitualmente nas
reuniões, a “vontade” não se domina, mas no constante exercício vai-se criando
uma disposição na qual a vontade manifesta em representações sociais.
O GRAU DE M.'. MAÇOM
Chegamos, finalmente, ao que é propriamente o grau de
M.’. Maçom. Uma etapa na qual se tem por
tarefa acompanhar e ser responsável pelos dois graus anteriores. Essa
estratégia acaba por propiciar um segundo momento de revisão de conteúdos que
definem o que é a sociabilidade Maçonaria. O participante desse grupo social se
coloca em processo de aprendizado em dois movimentos. No primeiro como sendo do
grau, depois como sendo responsável por ele. Como é habitual na cultura vulgar,
habitual, popular, se aprende ensinando. (ideia que apesar de sua nobreza é
utilizada equivocadamente no que toca ao magistério; que o professor é um “folgado”
que ao trabalhar “aprende” mais, como se isso fosse injusto...)
Espera-se do M.’. Maçom certo domínio do que vem a ser
maçonaria, isto é, conceitos de liberalismo, filosofia, modelos de Estado,
formas políticas, humanismo, iluminismo, certo cultivo de informações históricas,
ou seja, domínio das “artes liberais”. Outros saberes que se espera do M.’.
Maçom são da ordem prática vinculadas à organização social, que se dá, em
primeiro lugar, na dinâmica da própria unidade local da Maçonaria, denominada
de Loja. O M.’. M.’. deve ser aquela liderança capaz de aglutinar pessoas, administrar
burocracias como conta de luz, água, aluguel, mensalidade, etc. Como tutor dos
novatos e Comp.’. Maçom ser capaz de solicitar trabalhos, portanto saber o que
se pede; orientar a forma de ser feito, indicar bibliografias a serem lidas e,
o que é mais importante, ser capaz de “projetar, implementar, executar e
avaliar” um projeto pedagógico para cada grau de formação maçônica no âmbito da
Loja.
Destarte, o presente texto, sintético, apenas indica.
A título de comparação, no âmbito da formação eclesial da Igreja Católica em
nossos dias, esse percurso dura, com dedicação exclusiva do candidato, algo em
torno de 8 a 9 anos, isto tomando o que é de menor tempo vinculado as Dioceses
(regiões administrativas da Igreja Católica que se inscreve em dada circunscrição
geográfica, isto é, todas as igrejas dentro de 10 municípios). O crítico, com
certa razão, logo dirá, “mas isso não forma “santos”. Superando as emoções
negativas que tal percurso longevo pode provocar aos leitores de primeira
viagem, vamos verificar que é corrente entre teóricos da educação e dos mais
recentes “gestores do conhecimento” ou ainda dos “Planejamentos Neuro
Linguísticos”, que a marca de 10 anos para se “formar” é corrente. Não se tem
dúvidas de que para se “formar” é preciso, antes, se informar. E estamos em época
de informação farta, porém, não basta informação. No caso as Igreja Católica,
um contexto que conhecemos também, a complexidade que comporta a Igreja
Católica, suas várias instituições e todos os processos humanos envolvidos
nelas, exige que se tenha quadros muito qualificados, sem o qual seria
impossível a gestão desses processos e sua amplidão em termos de lugares e de
tipos de serviços prestados aos mais variados contextos sociais no mundo se
reduziriam drasticamente. O M.’. Maçom não pode se contentar com uma rotina
simplista e as vezes “externa” do que é ser maçom. Seu ponto de referência não
será o vulgo, mas uma teia articulada de saber que é apresentada de modo
sintética em manuais; utilizados em formas de pílulas semanais e que devem ser
aprofundadas ao máximo. Sob pena de um M.’. Maçom ser um externo a algo que se
diz ser membro privado. E por essa superficialidade não conseguir nunca
compreender em que sentido os saberes dessa sociabilidade poderá auxiliar na
vida cotidiana. Não só no que toca às coisas da vida cotidiana, mas o viver no
cotidiano; os dilemas da existência não só do ponto de vista de “qual
instrumento” utilizar para essa ou aquela situação, mas quais aspectos da minha
existência precisa ser investigado ou mobilizado nessa ou naquela situação ou
ainda, para além das coisas úteis, como a Ordem pode me fornecer uma “habitação”
dos temas últimos da existência humana.
Caso você utilize o trablho, faça a citação da seguinte forma:
ALMEIDA, C.L. O Grau de M.'. Maçom. AMF3. Acessado em: https://www.amf3.org/2018/10/o-grau-de-m-macom.html
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