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A maldade

Ninguém acorda com planos de fazer o mau. Exceto a personagem “Macaco Loco”, que é uma obra ficcional para ‘crianças’ ou algum tipo patológico, a maldade não é planejada de modo explicito. Então, como explicar os vários exemplos de “maldade" na vida social?   Como explicar que pessoas defendam ideias baseadas no egoísmo? Tais como os neoliberais que concebem as ideias de ‘Estado mínimo’ e de ‘mérito pessoal’ sobre a ação egoísta na vida social. Um operador do ‘mercado financeiro’, por exemplo, é um biotipo que foi condicionado desse o berço a crer que há de fato uma meritocracia, uma sociedade possível e que assenta sobre as proezas e feitos individuais. Esse prodígio, estimulado desde as primeiras mamadeiras, ensinado dioturnamente a competir e vencer, mesmo que tendo os país pagando e sustentando esse “cenário" montado para ele vencer, cresce e acredita nisso.   Esse laboratório de serviçais da ideologia neoliberal, que toma como fetiche fundamental o idio

Não dá lucro!

O papo de que não dá lucro, logo, não dá para cuidar disso é um tipo de pensamento neoliberal que tem virado mantra pelo brasil a fora. Contudo, a força dessa “verdade" me parece não ser ela própria. Se ligarmos as rádios, sobretudo aquela que toca notícias, lermos os jornais, etc, logo veremos que tal ideia é dita de várias formas todos os dias. E claro, para dizer e divulgar tais ideias se faz necessário dinheiro. Dinheiro que nunca sabemos seus caminhos, de como ele chega até a boca ou à pena de quem divulga como óbvia tais ideias neoliberais. E de como é “ridículo” a ideia de um ente chamado Estado; de como é ridicularizada a função do Estado como mediador e de ente que age pensando um conjunto de bens; que garante para além da flutuação própria das coisas da vida, uma certa estabilidade; que investe em coisas propriamente de gente, como educação, etc.   Sabemos que rádio e jornal vive de propaganda, decorre daí o ponto central da sobrevivência dos veículos de in

Sobre o desafio da Agricultura em Juquitiba 2

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No primeiro texto que escrevi sobre agricultura em J uquitiba destaquei alguns problemas. Procurei detectar o que são problemas gerais e o que seria específico daqui. Recapitulando, viver sobre a terra sem estar ligado a ela é o problema maior da agricultura juquitibense . Esse estar sem estar é gerado aqui pelo fenômeno de cidade satélite, isto é, os vários sítios têm a função de lazer e seus proprietários moram em São Paulo Capital ou nas imediações.   Fenômeno que não é de todo ruim, pois essa mesma população de proprietários, pois habitantes da cidade onde os fluxos de saberes são abundantes, poderia, em tese, ter mais acesso à informação sobre a terra; mais capital, etc. Contudo, o efeito acaba por ser negativo mesmo, uma vez que o lazer é o foco e os sítios passam a ser uma extensão da vida urbana no meio rural. Trazendo, sobretudo, os aspectos negativos da vida urbana que é o de ignorar a dinâmica da terra, dos ciclos da terra.   Dentro dessa dinâmi

Pensando por curto-circuito

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 Atenção, esse texto contém palavras que poderão lhe fazer perder o controle de si. Ademais, ele é longo demais, tem raciocínios longos, o que impede "pensar por curto-circuito".           Os avanços tecnológicos parecem-nos visíveis. A comunicação mediada por meios eletrônicos, os famigerados computadores e celulares (telefone portável) nos permite não só comunicar com amigos, parentes e profissionalmente, mas permite intercâmbio de pagamentos, transferências monetárias, etc. Nesse aspecto da vida cotidiana parece haver consenso de que vivemos em momento glorioso.          Porém, a boa vontade existente nos temas das tecnologia s quando salta desse aparente paraíso, que também está assentada sob premissas problemáticas , e passa para o âmbito das coisas humanas propriamente, a coisa toma outro rumo. E será nesse sentido que o título “pensando por curto-circuito” será tematizado.          Se nesse texto, o que vou de fato fazer, apresentar a

Lula Preso

As duas palavras soam como deleite aos olhos/mente/ouvido dos bem nascidos. O gozo com certa frequência se estende aos que não tão bem nascidos, mas assíduos espectadores da Globo, alienam-se das próprias condições concretas em que levam a vida e cria um jogo de ilusão por achar que pode pensar “como se” suas condições fossem também as mesmas de um rentista bem nascido.   Essa ilusão de si, esse pensar “como se” fosse doutra realidade, comumente se aplica o termo alienado, pois é como um outro vivesse nele, daí alienar.   Para um certo número daqueles que conseguem articular meia dúzia de ideias e que tenha consciência das suas condições materiais, “Lula Preso” é um duro golpe na utopia. É um ato litúrgico, com toda a força que o rito tem em tornar presente o mito; em fazer reviver um mito.   O mito em questão é a nossa embutida segregação social. O racismo que torna a pele negra como sinal de que você será privado de dignidade. A pela negra é uma referência, pois o

Em qual fonte confiar?

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O tema do “disse-não-me-disse” ou a volatilização do que é a verdade sobre os fatos a nossa volta não é novo. Hannah Arendt, filósofa, já tematizou ele no livre “A banalidade do mal”, referindo-se ao contexto das perseguições nazistas na Alemanha. Para ela a primeira vítima da guerra é exatamente a verdade, que é muito frágil e não resiste o “disse-me-disse”.   Hoje poderíamos dizer que naquele contexto as dificuldades técnicas de reportar os fatos, por exemplo a existência de campos de concentração por vários lugares da Europa e de campos de extermínios na Polônia, seria a fonte da pulverização da verdade. Entre o olhar de um jornalista ou qualquer outro transeunte e a reportagem para outras pessoas, para uma comunidade de leitores de um jornal, as condições técnicas, isto é, o deslocamento da pessoa, a escrita, a impressão, a distribuição, seriam a origem das dificuldades de se construir a verdade sobre os fatos que estavam acontecendo. Contudo, em nossos dias tais ques