Formação do Aprendiz Maçom 003


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Iniciação Maçônica 



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Introdução

O ensaio tem como tema a iniciação e objetiva, através de argumentos, elucidar, ainda que em linhas gerais, do ponto de vista da Filosofia, o que é isso. Apontando, como efeito, para uma via passível de executar esse propósito de vida.

Palavras-chaves: Filosofia, iniciação, maçonaria


O que é ser iniciado?

O termo pode ser aplicado a um domínio específico ou no geral. Iniciar algo, em sentido genérico, pode ser começar a fazer um curso ou aprender a ser padeiro. Em sentido mais restrito, podemos dizer que ser “batizado” em uma Igreja Cristã ou outra tradição religiosa se trate de um ato de iniciação.

Porém, o termo tem tomado o sentido de ser alguém entendido em assuntos esotéricos. Mesmo o batizado das Igrejas Cristãs, talvez por ser a religião hegemônica, não carrega a ideia de iniciado.

Em termos religiosos, não apenas esotéricos, iniciar-se ou ser iniciado é um estado pessoal. Uma condição espiritual que faz da pessoa iniciada um participante de uma realidade distinta da realidade dos demais seres humanos. É como se o iniciado participasse de uma realidade, existisse em uma realidade que pessoas não-iniciadas, mesmo estando fisicamente ao lado do iniciado, não participam.

Existem duas possibilidades de pensar a Iniciação. Uma do ponto de vista da pessoa que é iniciada. A outra forma é de um bloco de saberes racionais e sistemáticos, que abordam o “fenômeno” ou “estado de espírito”, e estão contidos na ciência da religião, na filosofia e na teologia.

Para os interessados nessa abordagem racional do assunto pode-se dizer que há três caminhos. a) teologia e b) ciência da religião c) filosofia.

a)    A Teologia é o caminho do “crente” da pessoa que pretende estudar os assuntos vinculados à experiência religiosa e fazer a experiência. Portanto há um comprometimento em viver o que se estuda.
b)    A Ciência da Religião procura estudar o fenômeno religioso sem o compromisso do pesquisador em ser um “crente”. O Cientista da Religião é um homem de pesquisa e não um “crente”.
c) A filosofia que é tradicionalmente explicada como sendo um pensar racional radicalmente autônomo, até mesmo do pensador, nem sempre foi assim. Nas Escolas de Filosofia da Antiguidade a filosofia era a disposição do racional no pensador, para ordenar a vida pessoal segundo ideias fundamentais da escola que se vinculava. De certo modo, era um vincular-se racionalmente, por convencimento de que tais princípios eram o melhor para o existir pessoal. Princípios que orientavam os adeptos da escola a levarem uma vida segundo um modo; esperando com isso se colocar em dado estado existencial ao qual se desejava usufruir como pessoa.


Em resumo dessa primeira parte, a pessoa que é iniciada pode não só fazer experiências pessoais a-racionais de participar dessa ou daquela organização, ele pode querer, dado que aquilo lhe fez muito bem, escrever sobre isso. Temos aí pessoas que falam sem se relacionarem com as áreas que chamei de racionais e articuladas ou, e até com mais sucesso, pessoas que falam de modo intuitivo desses estágios existências que vivenciam. Na Sequência, vamos pelos caminhos da filosofia e outras áreas sistemáticas.

2 – Estado Espiritual versus Fenômeno Espiritual

Em Filosofia fenômeno é aquilo que toca a sensibilidade. Sensibilidade é todos os nossos sentidos. Olhos (visão), narinas (olfato), ouvidos (audição) , paladar(gosto) e tato (volume).

Estado Espiritual seria outra coisa. Seria como se a pessoa conseguisse chegar a conhecer algumas coisas sem passar pelo caminho dos sentidos. Os sentidos sempre precisam de algum elemento que os toquem. Esses elementos que aparecem aos sentidos são chamados de fenômeno. Os elementos que não nos apresentam recebem o nome de “coisa em si”. A coisa em si nunca se apresenta à nossa consciência via sentidos, apenas desconfiamos da existência delas. Alguns apostam que podemos ir por caminhos outros até ela. Schopenhauer dirá que podemos “acessar” a coisa em si via o nosso corpo, pois o corpo estaria imerso nessa “coisa em si”, e por isso, por essa relação especial entre o nosso corpo e o nosso pensar consciente, teríamos a chance de acessar o aparente inacessível da realidade.

3 Experiência mística: uma contradição


Falar em iniciação é o mesmo que dizer de mística. Considerando a definição acima sobre fenômeno e estado místico, não se pode falar de experiência mística, pois toda experiência passa pelos sentidos. O que ocorre com o iniciado ou místico excede isso.  O místico parece cortar o caminho e acessar diretamente outras realidades sem fazer uso dos sentidos, como todos nós temos de fazer. Incluindo aí até mesmo a razão.

Nesse sentido iremos encontrar pessoas que sem explicação fazem coisas fora do “normal”.  Jacob Boheme, um místico medieval da Alemanha, era sapateiro, mas escreveu várias obras místicas. Observando a vida dele e os livros parece ser algo impossível de ser.

4 . Os tipos de místicos

Os místicos ou iniciados utilizam de linguagens muito complexas. Parece que cada místico funda uma nova linguagem. Segundo um renomado pesquisador da mística judaica, Gerson Scholem, existem místicos que preferem se isolar. Deixar o convívio dos humanos, pois a tarefa de tradução é profundamente enfadonha para o iniciado.

Para outros, ainda segundo Scholem, entre eles Jesus Cristo, o fenômeno da iniciação é um chamado a revolucionar a vida dos demais humano. É clássico nos Evangelhos Jesus sempre dizer da necessidade de um “reino de justiça”, da implementação do “Reino do Pai”, metáforas para dizer que seu projeto implicava “mexer” com as pessoas em suas vidas reais e cotidiana.

5. A iniciação.

Infelizmente não há como “iniciar alguém”. Essa é a grande verdade das iniciações propiciada pelas instituições. Seja na Maçonaria ou na Igreja Católica a ideia do ritual de iniciação (batizado) é uma ação simbólica que procura propiciar as condições para que a pessoa possa em seguida agir ou se colocar no estado de iniciado.

A Igreja Católica elabora uma teologia que pretende fazer algo. Pelo gesto do padre a Igreja diz executar uma ação que impõe ao outro um estado de espírito. Nesse sentido o padre tem um poder mágico e que a Igreja advoga ser fruto da seguinte cena. Jesus “ordenou” os apóstolos. Jesus é o próprio Deus. Dos apóstolos ao padre houve uma sucessão de imposição de “mãos”. Esse movimento se repetiu até chegar ao padre que acaba de efetuar o batizado. Denomina a isso de “apostólico” ou sucessório. Nesse contexto é como se o próprio Jesus Cristo estivesse impondo as mãos sobre a criança.

Essa cena é discutível nos dias de hoje. Outrora, especialmente na Idade Média, discutir esse fato era pedir para ser morto por heresia.

Na Maçonaria a iniciação é simbólica, ainda que carregada da lógica “apostólica” da Igreja Romana. Uma contradição entre várias outras dentro de uma instituição que se diz ser “liberal” e com tudo que esse termo implica no contexto da Revolução Francesa.

Por iniciação simbólica assume-se que apenas se propicia parte do processo à pessoa que deseja ser iniciada. O restante cabe à pessoa completar. Pode-se criar as condições, mas não dá para fazer algo que só cada um pode fazer.

É como se comprássemos o caderno e o lápis. Arrumássemos o lugar, mas não conseguimos fazer a pessoa ser alfabetizada, somente ela é capaz de se tornar alguém que sabe escrever.

6 Os instrumentos para se iniciar

A auto iniciação é um tema complexo. Especialmente em épocas que iniciação virou uma fonte de ganhar dinheiro. Geralmente a iniciação se dá em uma comunidade e nunca só, pois será no convívio fraterno e no desafio da vida comunitária que iremos fazer outro tipo de experiência humana. Um tipo de experiência humana mais completa ou significada de um ponto de vista nunca tematizado.

Ser iniciado não é negar a condição de humano, ao contrário, é encontrar uma faceta do humano que o justifique e exalte a sua importância. A iniciação, portanto, não é uma patologia do tipo “síndrome do pânico”, mas um novo olhar sobre a condição humana. É uma “revelação” ou “encontro” de uma nova verdade que diz da importância e do caráter impreterível da condição humana.

Mas na cultura de massa e de consumo, que vivemos nos dias de hoje, sempre é um problema à vida em comunidade. Viver nos moldes de hoje pode ser um deserto. No metrô de qualquer parte do mundo não encontramos pessoas, mas um outro indefinido que perde a própria condição de Outro enquanto humano.

Algumas comunidades, como os Essênios, os Quaker, os Amsher, a Maçonaria, etc, procuram construir essa comunidade em vistas de criar o espaço necessário para se levar uma vida de iniciado. Não se quer criar uma comunidade de melhores, mas apenas e tão somente uma comunidade de fato e não mero aglomerado no qual o indivíduo desaparece.

A comunidade nesse sentido constitui um instrumento importante na vida de quem pretende ser um iniciado.

O próximo elemento, depois da comunidade, é o número três (3). Sem muito alarde, três é um número muito corrente nas tradições esotéricas. O sentido do número três se dá quando tomando como representante de três situações, e não mera quantidade.

Em geral, dentro do que chamamos cultura de massa ou da televisão, as pessoas não conseguem pensar nada que seja complicado. A esse modo simplista dizemos uma expressão popular: “é oito ou oitenta”, isto é, as pessoas simples pensam de modo simplista e os fatos só podem ser de dois modos. O número dois (2) nesse sentido é tenebroso, pois quem pensa apenas de forma binária deixa de ver muita coisa da realidade. Para o povo um fato só pode ser bom ou mal. Não se consegue ir mais além, ver a complexidade do presente. Verificar que “esse fato” é fruto de muitos outros ao longo do tempo.

Um exemplo banal é verificado nas chuvas e cheias provocadas pelos rios. As vezes as pessoas recebem uma noticia que na parte do rio que fica acima de sua casa houve uma cheia com elevação x do rio. O pobre abaixo teria condições de se retirar antes que as águas do rio subissem, mas ele só consegue agir quando vê no presente as águas entrando dentro de sua casa. Contudo, em uma visão mais complexa, temos que ir também além: o pobre não saí por não ter condições monetárias. Dois tipos de desprovimento, cultural e material, que resulta no flagelo e que seria aqui difícil de esgotarmos o problema, dado a sua complexidade.  

7 - O número três

O número três é o número do iniciado não por esconder uma magia ou poder fora do alcance do humano. Trata-se apenas de uma capacidade de olhar a realidade e se colocar nela. É preciso compreender que qualquer assunto precisa ser pensado sob três aspectos.

Se quero levar uma vida de iniciado devo fazer algumas perguntas que considerem três aspectos.
a)    Quem sou?
b)    Quem quero ser?
c)    Como faço para ser o quero ser?

Para trabalhar "a" o melhor é procurar um analista, pois se trata de um profissional apropriado e se espera dele auxílio para que possamos compreender a complexidade que é nossa constituição psíquica. Na Filosofia temos a Filosofia Clínica como cuidado que me parece eficiente e acessível a todos.

Quem quero ser pode ser trabalhado de várias formas e contar com a participação de profissionais que se destinam a fazer orientação profissional ou profissionais de “conting profissional”.

Como faço para ser o quero ser cabe à própria pessoa que deve se articular com outras que podem somar forças em algum projeto comum. É onde aparece as comunidades e seus desafios de vida comunitária. Em alguns casos, a vida comunitária perde seu foco inicial, sendo melhor a pessoa seguir seu caminho solitariamente ou a procura de outra comunidade. Mas dificilmente o ser humano pode prescindir da vida em comunidade.

8 O erro básico dos postulantes

Muitos desejam muito ser algo. Foca a atenção no “quem quero ser” e ignoram o ponto “a” e “b”.

O ponto mais fundamental é conhecer a si. Desse ponto é que se tem condições de pensar as estratégias para criar as condições necessárias a quem desejo ser. Esse exercício é quase impossível ser feito só. Sempre precisamos de alguma estrutura que nos auxilie; a mais barata é a terapia. Se compararmos com a estrutura empregada pela Igreja Católica, que dispõe para o seminarista casa, comida, terapia, estudos, viagens, roupa, etc.


9. Considerações finais

A paciência e o trabalho sobre si constituem o passo que irá determinar se a pessoa é uma iniciada ou não. Muitos “iniciados” institucionais nunca serão iniciados, pois após passar por um ritual de iniciação irão se contentar em participar de atividades sociais ou litúrgicas. Irão continuar a ver as coisas como sempre, e jamais irão captar a essências das coisas. Serão eternos consumidores de modas esotéricas e estarão sempre atrás do guru da moda. Em geral esse é o maçom mais corrente. Obviamente tal crítica tem o profundo desejo que todos mudem tal cenário. E ela só é feita por acreditar que é possível participar da maçonaria de outro modo. Pai, irmão ou amigo só o são de fato na medida que também podem nos dizer não.











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