Sexo virtual
Em França é comum se debater qualquer assunto, aliás, me parece que o francês fez uma substituição da religiosidade por esse hábito de conversar.
Entre os temas, dizem por aqui em Paris que o sexo virtual serviu para manter os casamentos. Precisamente os materiais pornográficos, no qual o consumidor, masculino e feminino, acessa com facilidade. Esse exercício de masturbação permite que não se procure, em primeiro momento, outros parceiros sexuais.
Se por uma lado é procedente essa reflexão, temos o lado nada positivo. A idealização ou mesmo a fantasia sexual ganha contornos nunca vistos. Se antes a sexualidade era retida nos rincões da subjetividade, hoje ela ganha, ainda que virtual, uma objetividade perigosa.
As fantasias que deveriam ser apenas fantasias acabam por tornarem-se práticas. A simulação virtual serve para dar vasão ao tema, mas ao mesmo tempo pode incentivar práticas sexuais nada sadias. Afinal, há vídeos de todos os tipos.
O interessante da discussão sobre sexo e meios eletrônicos é que se fala sobre o tema. Já é antiga a ideia de Foucault de que sobre o sexo temos duas fases que se alternam. Em uma, mais ligada a idade média e inicio das revoluções europeias, não se fala, mas faz. Em outra se fala pouco, mas se faz sexo.
Nos dias de hoje teríamos ainda um terceiro cenário. Fala-se muito e faz-se muito sexo.
Nos dias de hoje teríamos ainda um terceiro cenário. Fala-se muito e faz-se muito sexo.
Espera-se que na atualidade se possa falar e fazer sexo, porém os interesses comerciais tem se feito presente nesse meio. Interferência que acaba por interferir em algo que deveria ser natural. O casamento adequado dessas duas realidade será propicio para se vivenciar esse tópico da condição humana. Em épocas de repressão impede-se o acesso ao prazer, em épocas de liberaçãom, como o promovido pela cultura de consumo, corre-se o risco de perder o horizonte do prazer em nome do fazer pelo fazer. O fazer em excesso.
O sexo virtual nesse sentido pode propiciar um tipo de experiência que caminhe para hábitos não-reais. O que opera mais um tipo de alienação e quando confrontado com a realidade um desastre. Nosso parceiro afetivo-sexual não conta com o “photoshop”, também tem duração um pouco maior do que os famigerados vídeos na internet. A vida tem outra dinâmica e nela que estamos imersos por muito mais tempo.
Restaria ainda destacar que o sexo virtual promove a indústria do sexo. Outro lado do virtual que poucos "punheteiros" de platão não tem "noção". Situação idêntica ao mercado das drogas não licitas, onde o "usuário" finge não saber dos efeitos sociais da cadeia produtivo do intorpecente.
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