Conversas Literárias com Cleisianne Leite

 


Estudante Cleisianne Leite



CONVERSAS LITERÁRIAS                        

Com Cleisianne Leite                                                                                



Para inaugurar uma série de “conversas literárias” com amigos e interlocutores hoje a entrevista é com uma jovem aficcionada/apaixonada por leituras. 


Entrevista

AMF3: Prof. Me. Cídio Lopes

Convidada:

Cleisianne Leite

Uma leitura 



AMF3: Cleisianne Leite, que é você ou o que em você faz você ser você mesma? 

R: Acredito que eu e todos somos pessoas em constante evolução. A curiosidade e a capacidade de aprender é a essência do ser humano então sou pessoa em transformação.


AMF3: Como você descobriu seu interesse pela leitura de literaturas clássicas e filosofia? Existe algum livro em particular que despertou seu amor por esses temas?


R: Desde que me lembro por “Gente” que tenho simpatia por livros, um episódio marcante, que me colocou no consumo de livro, foi quando, ainda criança, troquei um conjunto de roupa recém adquirida por um livro de poesias. Edição de luxo, capa vermelha, bordas “doiradas”, se não me engano era do Olavo Bilac que uma colega havia ganhado de presente. Essa foi a minha primeira aquisição de livro e o pontapé para começar minha coleção.


AMF3: Como você equilibra seu papel de mãe e seu hábito de leitura? Quais estratégias você adota para encontrar tempo para ler e se aprofundar nesses assuntos?

R: Ando com um livro na bolsa e sempre que estou em trânsito ou em filas, aproveito a ocasião, a leitura noturna em voz é alta embala o filho durante a noite. 


AMF3: Você acredita que a leitura de obras clássicas e filosóficas influencia sua visão de mundo e sua forma de encarar os desafios da vida cotidiana? Se sim, poderia compartilhar algumas reflexões ou aprendizados que obteve através dessas leituras?


R: Com toda certeza a leitura obras clássicas e filosóficas tem forte influência não apenas na forma de lidar com os problemas, mas principalmente como perceber esses problemas, um exemplo disso foi saber distinguir debate de discursão e afastar de conflitos desgastastes que hoje povoa o meio digital. Otimizar o tempo com conversas úteis e proveitosa com pessoas intelectualmente estimulantes é outro ponto positivo em consumir boa literatura e filosofia.


AMF3: Como estudante de biblioteconomia, como você enxerga o papel das bibliotecas na promoção da leitura e no acesso às obras clássicas e filosóficas? Quais são suas expectativas em relação ao futuro das bibliotecas?


R: A biblioteconomia é uma paixão tanto por esta no ambiente que amo, como todo bibliófilo se cercar de livros é balsamo revigorante. E passar essa paixão aos outros é minha inclinação natural, a biblioteca fez parte da minha infância e adolescência, era a principal ferramenta para trabalho escolares e para diversão. Passar horas entre livros de Pedro Bandeira e os clássicos nacionais como Diva e memorias póstuma de Brás Cubas e saber que em breve estarei auxiliando novos leitores em sua jornada me deixa empolgada e realizada.


AMF3: Você acredita que a leitura e o estudo de obras clássicas e filosóficas podem contribuir para a formação de uma sociedade mais crítica e reflexiva? Por quê?


R: Com toda certeza existe um motivo para um clássico sobrepor o tempo e ser atual mesmo fora de sua geração. Os conflitos humanos permanecem os mesmos, a essência é exposta de varias formas de Homero a Shakespeare. Encontramos o conflito a honra, traição, medos, e tantas qualidade e defeitos humanos e como o personagem se sente reflete um momento de nossa própria emoção, nosso próprio conflito emocional social e afins.

Ler um clássico ou um livro filosófico é reconhecer as perguntas sem respostas da humanidade e se conectar com toda as gerações. E quanto mais consumimos conteúdo que nos apresenta os conflitos e as grandes questões da humanidade mais nos aproximamos das possíveis soluções particulares e coletivas.


AMF3: Quais são seus livros favoritos dentro do campo da filosofia e das literaturas clássicas? Pode ser apenas um. Poderia compartilhar brevemente o motivo pelo qual eles são importantes.


R: Falar em um livro apenas é muito difícil então falarei de dois. Na literatura o livro que ainda ocupa o topo da minha lista de preferidos, Os Miseráveis de Victor Hugo, que além do conflito entre classes e do fundo revolucionário, ele expõe a injustiça em vários níveis. Os personagens são bem construídos a um nível impar que não importa quantas vezes eu tenha feito essa leitura sempre me emociona. O segundo livro esse entre os filósofos o que me chama a atenção estão Aristóteles, Schopenhauer e Nietzsche. Dentre a vasta literatura de Nietzsche um pequeno e poderoso livro é Sobre Verdades e Mentiras no sentido extra-moral. Ele é uma obra póstuma e tem um tom bem conhecido do Nietzsche, ele usa toda sua poética para atacar a estrutura da verdade.


AMF3: Na cidade em que você mora atualmente, você acha que há oportunidades suficientes para aprofundar seus estudos e explorar sua paixão por literatura e filosofia? Quais são os recursos disponíveis na região que você considera mais úteis para sua jornada intelectual?


R: Atualmente a cidade de Aracaju dispõe de recursos de livre acesso aos centros culturais com biblioteca, livrarias, sebos e banca de revistas. Sem contar os projetos de leituras desenvolvidos em grupos para a ampliação e valorização dos escritores regionais. A leitura coletiva é uma atividade que deve ser abraçada com objetivos de aprimorar a visão critica e a possibilidade de debater o tema com leitores da mesma obra. Isso não só incentiva a sair da zona de conforto, como ajuda a ter acesso a diversas visões do mesmo tema.


AMF3: Fique à vontade para dizer o que desejar para a modesta comunidade AMF3 Escola de Filosofia. 


R: Sinto-me honrada em fazer uma pequena participação desse projeto. E parabenizo o esforço do professor em tornar a informação e conhecimentos profundos e complexos acessível a todos. Aqui ecoamos os sussurros dos livros que conversam por todas as bibliotecas, assim como Umberto Eco descreve em “O nome da rosa”. "Até então pensara que todo livro falasse das coisas, humanas ou divinas, que estão fora dos livros. Percebia agora que não raro os livros falam de livros, ou seja, é como se falassem entre si. À luz dessa reflexão, a biblioteca pareceu-me ainda mais inquietante. Era então o lugar de um longo e secular sussurro, de diálogo imperceptível entre pergaminho e pergaminho, uma coisa viva, um receptáculo de forças não domáveis por uma mente humana, tesouro de segredos emanados de muitas mentes, e sobrevividos à morte daqueles que os produziram , ou os tinham utilizado." Umberto Eco, O Nome da Rosa. edição Bestebolso p. 320

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